O Iscte - Instituto Universitário de Lisboa foi palco de uma mesa-redonda onde cinco especialistas de diferentes áreas debateram a presença da eutanásia nos meios de comunicação social portugueses.
09/05/2024
Lançado o mote "A eutanásia nos media: Perspetivas, desafios e novos caminhos", Isabel Moreira, deputada do partido socialista, apresentou responsabilidade direta na elaboração das várias versões da lei da eutanásia e o desgaste associado ao “longo debate e processo legislativo”. Considera que os media permitiram um “amplíssimo” debate e “dar voz aos que não tiveram voz”.
A deputada fez ainda questão de manifestar o seu desagrado perante a influência da Igreja no Estado português. “Sinto que há um problema que perpassa na comunicação social portuguesa neste tema e noutros. É saber se, de facto, este tema como noutros não têm provado que nós ainda não temos, de facto, em Portugal um respeito absoluto pela separação entre o Estado e a Igreja."
No que respeita à composição e ao funcionamento da Comissão de Verificação e Avaliação dos Procedimentos Clínicos de Morte Medicamente Assistida (CVA), que será responsável por confirmar o cumprimento de todos os passos legais de cada processo, Rui Nunes apontou “falhas” que precisam de resposta. Entre as quais, a necessidade de os organismos responsáveis e contemplados na lei nomeiem os seus representantes para esse órgão, frisou o membro e representante do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.
Quanto à necessidade de ouvir mais casos individuais, Bruno Contreiras Mateus frisou a necessidade de diferenciar a dignidade na morte e a dignidade na vida para que as pessoas que pretendam no futuro recorrer à eutanásia tenham compreensão e empatia. O Diretor do Diário de Notícias e do Dinheiro Vivo acrescenta que “é fundamental olharmos para o que é o sofrimento e a dor profundos que uma pessoa sente e que não pode ter a mesma morte no leito familiar que teria noutras circunstâncias. Ou que os familiares que estejam ao seu lado a possam apoiar da mesma maneira”.
Durante o evento, foram também discutidos diversos tópicos relacionados, como a possibilidade de ser propagada desinformação sobre a eutanásia através das redes sociais e alimentada ou exponenciada pela Inteligência Artificial, bem como a necessidade de reforçar o Sistema Nacional de Saúde com mais equipas inter e multidisciplinares no país.
Bruno Frutuoso Costa, investigador do projeto e presidente da comissão organizadora, considera necessário continuar a debater o tema a partir de novos ângulos de abordagem.
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